Análise: The Last of Us (Temporada 1)

O aclamado videojogo converte-se na dispendiosa série de televisão da HBO. Será que vale a pena perder tempo em frente à televisão?

Em 2013 quando o jogo de vídeo The Last of Us foi lançado foi logo um enorme sucesso. Uma razão pela qual o jogo foi tão aclamado prende-se pelo facto da história estar tão bem escrita. Agora, dez anos mais tarde, é tempo dessa história se transformar numa série televisiva, e é de facto o autor do jogo Neil Druckmann que também escreveu o guião da série, juntamente com Craig Mazin que previamente fez, entre outras coisas, a minissérie Chernobyl.

O mundo está quase acabado. Passaram 20 anos desde uma infecção fúngica maligna que tomou conta dos cérebros das pessoas e espalhou-se como fogo descontrolado por todo o planeta.. A humanidade fez o que pôde para tentar travar a propagação, mas sem sucesso. Agora o mundo está em declínio e as pessoas não infectadas lutam pela sua sobrevivência.

O sobrevivente Joel, juntamente com a sua parceira Tess, está convencido de que a adolescente Ellie consegue chegar ilesa a um quartel rebelde, a uma longa distância da zona de quarentena onde todos se encontram inicialmente. Hesitante desde o início, mas com a promessa de uma recompensa, Joel assume a missão de encontrar o seu irmão nessa mesma viagem.

Os papéis principais de Joel e Ellie são desempenhados pelos excelentes Pedro Pascal (The Mandalorian) e Bella Ramsey (A Guerra dos Tronos), sendo que ambos brilham na série. A química entre os dois é incrível, e à medida que a relação de Joel e Ellie se desenvolve, os próprios personagens também o fazem.

Por vezes só é preciso estar completamente silencioso para sobreviver.

Pelo menos quatro actores de dobragem de voz do jogo original fazem parte do elenco. Merle Dandridge desempenha o personagem Marlene exactamente como no jogo, e Joel, Ellie e Tommy do jogo, nomeadamente Troy Baker, Ashley Johnson e Jeffrey Pierce, também regressam, embora noutros papéis menores. Noutros papéis encontramos Diego Luna como irmão de Joel Tommy e Anna Torv como Tess, e também Murray Bartlett (Frank), Nick Offerman (Bill) e Melanie Lynskey (Kathleen) durante a viagem.

Apenas 20 minutos após o primeiro episódio (81 minutos de duração) e eu já estava ansioso. Isto não quer dizer que haja uma ação ou tensão constante ao longo de toda a série. Por vezes a ação parece lenta como se nada estivesse a acontecer, mas é uma história muito bem contada e leva a algum lado. As personagens são bem desenvolvidas e a história é aprofundada a todo o momento.

Não são apenas as multidões de infectados, de várias formas, que constituem uma ameaça ao longo do caminho, mas a maior ameaça vem das pessoas saudáveis. Ladrões, rebeldes, comerciantes de escravos e todo o tipo de pessoas desesperadas que farão qualquer coisa para sobreviver, estas sim são a maior ameaça. Em suma, é uma viagem muito perigosa a empreender.

Existem várias evidências do quão rápido chegou o destino.

É também uma longa viagem e desfrutamos de belas mas desoladas paisagens, que se intercalam por cantos escuros e cidades devastadas. O musgo e as plantas cobrem a maior parte, lembrando-nos constantemente que as pessoas estão quase completamente ausentes e que a natureza corre livre.

Ellie e Joel têm um passado que não gostam de partilhar um com o outro, mas quando a fervilhante Ellie e o resignado Joel passam tanto tempo juntos, confiando um no outro para sobreviver, aprendem naturalmente a lidar um com o outro e tanto Pascal como Ramsey devem ser elogiados pela forma como retratam esse desenvolvimento.

Em termos de narrativa, a primeira temporada segue precisamente o primeiro jogo, embora a série se desenvolva e se baseie em certas passagens, por isso, se já jogou o jogo, reconhecerá a maior parte delas. Pode parecer lamentável que não tenham mudado quase nada, mas porquê mudar um projecto vencedor? Não creio que haja muitas dúvidas de que esta é a melhor adaptação de sempre para jogos de vídeo.

The Last of Us estreia em Portugal em HBO Max no dia 16 de Janeiro e vale definitivamente a pena passar tempo em frente da televisão.

The Last of Us obtém a pontuação 8 10.


Escrito por
Marcos Correia
Marcos, o crítico de cinema mais venerado, é um mestre em traduzir emoções de tela para palavras. Seu insight é imperdível!

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